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sábado, 2 de julho de 2011

Notícias da China – Discurso do presidente da China

O presidente da China, Hu Jintao, advertiu nesta sexta-feira (1), durante as comemorações dos 90 anos do Partido Comunista Chinês, que a corrupção pode custar ao partido a perda de legitimidade e da confiança da população.
Hu fez as declarações em um discurso para membros do partido no Grande Palácio do Povo, em Pequim. O discurso de 90 minutos foi transmitido ao vivo pela TV chinesa.
O presidente elogiou as realizações do Partido Comunista desde que chegou ao poder, em 1949, mas advertiu que seus membros devem ser mais disciplinados do que nunca.
O Partido Comunista Chinês (PCC) é considerado o maior partido político do mundo, com 80 milhões de afiliados.
Erros e reveses
Durante o discurso desta sexta-feira (1), Hu Jintao falou sobre os obstáculos que a China superou no último século e as realizações do PCC 'na revolução, no desenvolvimento e na reforma'.
'Em alguns períodos históricos, nós cometemos erros e até sofremos reveses sérios, cuja raiz foi que nosso pensamento-guia estava divorciado da realidade da China', afirmou, sem especificar.
Para analistas, a referência pode ter sido aos períodos do Grande Salto Adiante e da Revolução Cultural, promovidos por Mao Tsé-tung, que levaram à morte de milhões de pessoas. Os livros oficiais de História chinesa, aprovados pelo PCC, dizem que Mao acertou em 70% do tempo e cometeu erros em 30%.
'Nosso partido conseguiu corrigir os erros pela sua própria força e pela força do povo, levantou-se em meio aos reveses e continuou a avançar vitoriosamente', afirmou Hu.
'Hoje, uma vibrante China socialista emergiu no Oriente e o 1,3 bilhão de chineses estão marchando adiante, cheios de confiança sob a grande bandeira do socialismo com características chinesas', disse.
Hu advertiu, porém, que o PCC se confrontava com 'dores do crescimento' e que a 'incompetência' de alguns de seus membros e seu 'divórcio do povo' haviam criado problemas para o país.
Segundo ele, a corrupção, se não controlada efetivamente, poderia ameaçar a legitimidade do partido. 'A corrupção custará ao partido o apoio e a confiança do povo', disse. 'Não podemos transformar nosso poder em um instrumento para ganhos pessoais de um punhado de indivíduos', advertiu. 'É mais urgente do que nunca que o partido imponha a disciplina de seus membros', afirmou.
Celebrações
O discurso do presidente foi apenas um de centenas de eventos organizados para celebrar os 90 anos da fundação do PCC.
Houve apresentações de gala, programas especiais na TV, concursos de canto e o lançamento de um filme patriótico, O Começo do Grande Renascimento, com a participação das principais estrelas do cinema chinês.
O governo também inaugurou nesta semana, como parte das celebrações, uma nova linha de trem-bala, entre Pequim e Xangai, que custou US$ 33 bilhões, e pretende iniciar ainda nesta sexta-feira testes com o primeiro porta-aviões chinês.
Apesar das comemorações realizadas neste 1º de julho, o partido foi fundado, na realidade, no dia 23 de julho de 1921 em Xangai por um pequeno grupo de intelectuais, incluindo Mao Tsé-tung.
O partido chegou ao poder em 1949 após derrotar o Partido Nacionalista em uma longa e sangrenta guerra civil.
Sob a liderança de Mao, o partido iniciou em 1958 o Grande Salto Adiante, uma campanha para aumentar a produção industrial durante a qual milhões de pessoas morreram de fome por conta da queda na produção agrícola.
Outros milhões morreram durante a Revolução Cultural, lançada por Mao em 1966 para romper com a cultura tradicional chinesa e 'purificar' o partido.
Após a morte de Mao, em 1976, seu sucessor, Deng Xiaoping, introduziu reformas de abertura de mercado que ajudaram a impulsionar o crescimento chinês e levar o país ao posto atual de segunda maior economia do mundo.
Apesar da abertura e do desenvolvimento econômico, que tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza, a China permanece sob um regime político fechado dominado pelo Partido Comunista.
Nos meses anteriores ao aniversário de 90 anos de fundação do PCC, as autoridades chinesas lançaram sua maior ofensiva de repressão a dissidentes em quase 20 anos.
Fonte: Da BBC Brasil

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