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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Brasil se diz satisfeito com acordo firmado pelo G-20 em Paris

O Brasil deixa a França "plenamente satisfeito" com o acordo estabelecido pelos ministros das Finanças dos 20 países que compõem o G-20. "O Brasil não cedeu em nada. Tudo que está aí interessa ao Brasil", afirmou sobre o comunicado final o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que representava o Brasil no encontro ao lado do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
"Houve uma discussão muito interessante sobre a questão da reforma do sistema monetário internacional, onde acho que houve uma grande convergência sobre a necessidade de se criar um novo sistema com novas regras para diminuir os desequilíbrios, homogeneizar mais as posições, pensar num sistema multipolar", acrescentou Mantega.
Os ministros estavam desde quinta-feira reunidos na capital francesa para participar da primeira etapa de discussões do grupo neste ano, quando. Em novembro, os chefes de Estado e de governo vêm à França para bater o martelo sobre o acordo, cujo maior objetivo é reformular o sistema financeiro global.
Acordo
"O Brasil está plenamente satisfeito, porque [o acordo] aponta alguns desequilíbrios externos que indicam que existe guerra cambial, que existem países com câmbio mais desvalorizado do que outros, portanto vai na direção que o Brasil gostaria."
O principal ponto é que os ministros entraram em acordo sobre a adoção de uma série de indicadores de desequilíbrio macroecônomicos, incluindo a taxa de câmbio, a questão que mais levantou polêmicas porque países como a China se recusam a deixar a sua moeda, o yuan, se valorizar face ao dólar. Os demais indicadores estabelecidos foram a dívida e o déficit público, investimentos, balança da conta corrente (que inclui transferências, remessas, balança de bens e serviços e políticas monetárias).
Conforme Mantega, a inclusão da conta corrente como um dos indicadores não é contrária aos interesses do Brasil, embora, na véspera, o brasileiro tenha dito que iria propor aos demais ministros para que fosse adotada apenas a conta de bens e serviços ao invés da corrente. "Não vi problemas nisso, todos concordaram, mesmo a China. Se conseguiu um consenso em relação a isso", disse Mantega, destacando que os países que continuarem em provocando desequilíbrios na economia global serão alvo de recomendações, mas que nada do que foi definido no acerto de hoje é compulsório para nenhum país.
Outro ponto em que o Brasil sai vencedor é que não foi incluída no acordo a questão da limitação das reservas internacionais, considerada uma prerrogativa dos emergentes. Também os preços das matérias-primas não serão objeto de regulação, ao contrário do que a França havia dado a entender que defenderia. O Brasil era contra qualquer tipo de limitação de preços ou de volumes de estoques. "A França esclareceu que não tinha essa intenção, que não estava pensando nisso. Eu aproveitei para dar todos os argumentos para não fazermos dessa maneira, e a posição de consenso foi essa."
Inclusão do real como moeda internacional
Conforme Mantega, houve evolução sobre a criação de um novo sistema comercial baseado não apenas no dólar, mas nas cinco principais moedas que participam dos negócios no mundo, inclusive o real. "Se decidiu partir para a construção desse sistema. É uma coisa complexa, principalmente quando você admite uma multipolaridade de moedas: é muito mais fácil você ter uma moeda só, que já está consagrada, que é o dólar", disse o ministro.
Ele afirmou, no entanto, que os americanos não demonstraram resistência a abrir espaço para novas divisas. "Não, os americanos não colocaram nenhuma resistência. Todos sabem que é necessário um sistema que inclua outros países que existem hoje e participam do comércio internacional."
O Brasil vai liderar, junto com a Alemanha, um grupo de trabalho que acaba de ser criado para tratar sobre as questões de fluxos de capitais. Mantega destacou que espera mais avanços até o final do ano, quando, com a presença dos líderes, as decisões costumam ser mais concretas.
Fonte: Terra

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