A internet no Egito sofreu uma interrupção às vésperas do que pode ser o quarto dia de violentos protestos pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, há 30 anos no poder.
Um dos maiores provedores da rede no país, o Seabone, baseado na Itália, informou nesta sexta que não há transmissão de dados para dentro ou fora do Egito desde 0h30 no horário local (20h30 de Brasília), segundo a Associated Press.
Repórteres de diversos meios de comunicação do país e blogueiros também relatam sobre o corte no serviço.
As redes sociais têm sido um dos principais meios usados pelos manifestantes para convocar os protestos.
Pelo Twitter, repórteres que estão no país também relataram a interrupção na rede. “Sem internet, sem SMS, qual será o próximo? Celulares e telefones fixos? É demais para a estabilidade”, postou o reporter da rede CNN, Ben Wedeman.
O também americano “Los Angeles Times” também relata que o serviço de internet via BlackBerry foi cortado no Egito.
El Baradei
Policiais enfrentaram manifestantes na quinta-feira em duas cidades do leste do Egito, e o político reformista Mohamed El Baradei, Prêmio Nobel da Paz, regressou ao país para aderir a um grande protesto previsto para esta sexta-feira contra o regime de Mubarak.
Em sinal de que o desafio a governos autoritários está se espalhando pela África e o Oriente Médio, policiais também entraram em confronto com manifestantes no Iêmen e no Gabão.
O ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica e Nobel da Paz Mohammed El Baradei é cercado por jornalista ao chegar ao Cairo, nesta quinta (27).
Em Suez, no leste do Egito, policiais usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água contra centenas de manifestantes que exigem a renúncia de Mubarak, no poder há 30 anos. Os participantes do protesto atiraram pedras e bombas incendiárias contra as barreiras policiais. Houve confrontos também em Ismailia, outra cidade do leste egípcio.
Pelo Facebook, os organizadores convocaram protestos ainda maiores para sexta-feira, dia que é parte do fim de semana egípcio. Pelo menos mil pessoas foram detidas no Egito desde terça-feira.
"Eu gostaria que não tivéssemos de sair às ruas para pressionar o regime a agir", disse El Baradei, ao defender a renúncia de Mubarak. "Ele serviu ao país por 30 anos, e é hora de que se aposente", afirmou.
El Baradei eventualmente é criticado no Egito por passar muito tempo fora do país, mas analistas dizem que ele pode servir como líder para o movimento de protesto. O canal de TV Al Arabiya informou, em um breve letreiro exibido na tela, que El Baradei se disse "pronto para assumir o poder durante um período transitório se as ruas exigirem isso."
EUA
A exemplo dos tunisianos, os egípcios se queixam do desemprego, da corrupção e do autoritarismo. Um funcionário do governo norte-americano disse que os protestos são 'uma grande oportunidade' para que Mubarak, um dos principais aliados dos EUA na região, promova reformas políticas.
O presidente Barack Obama afirmou em entrevista divulgada no site de vídeos YouTube nesta quinta-feira que a violência não é uma solução para o Egito, fazendo um apelo a governo e manifestantes à contenção.
Obama reiterou o pedido das autoridades americanas a que os manifestantes possam se exprimir livremente.
"O Egito é um dos nossos aliados sobre numerosas questões de importância", disse o presidente, lembrando que falou numerosas vezes com Hosni Moubarak sobre a importância extrema de realizar reformas no governo.
Do G1, com agências internacionais
Nenhum comentário:
Postar um comentário