Decisão do governo da Alemanha, de fechar seus reatores até 2022, pode ser precedente para outros paísesDecisão tomada ontem em Berlim tem potencial para pôr em xeque o futuro da energia nuclear em todo o mundo e, em especial, no Brasil – onde o tema tem sido motivo de debates quanto ao custo-benefício de se manter o projeto que prevê energia limpa, mas sob risco de graves acidentes.
A Alemanha é, desde ontem, a primeira grande potência industrial que renuncia à energia nuclear.
O governo alemão resolveu fechar os últimos reatores do país em 2022, em medida que guarda relação com a catástrofe, em 11 de março, da central nuclear japonesa de Fukushima, administrada pela empresa de energia elétrica Tokyo Electric Power (Tepco), provocado por um terremoto seguido de tsunami.
“A coalizão chegou a um acordo para dar fim ao recurso da energia nuclear”, declarou o ministro do Meio Ambiente, Norbert Rottgen, após sete horas de negociações no escritório da chanceler Angela Merkel.
Quatorze dos 17 reatores alemães não estarão mais em serviço no fim de 2021 e os três últimos – os mais novos – serão utilizados até no máximo 2022.
Os sete reatores alemães mais antigos já haviam sido desconectados da rede de energia elétrica, à espera de uma auditoria solicitada em março por Angela após a catástrofe de Fukushima. Não serão mais reativados.
O problema que surge para a Alemanha, a partir dessa decisão, é: o país terá de arranjar, em 2022, uma maneira de produzir 23% de sua energia elétrica, parcela que atualmente é assegurada por fonte nuclear.
“Nosso sistema de energia deve e pode ser fundamentalmente modificado”, afirmou a chanceler.
Os integrantes do Partido Verde, que viram sua popularidade disparar após o acidente de Fukushima, insistem na necessidade de recorrer às energias renováveis em vez das centrais de carvão. Os sentimentos antinucleares na Alemanha têm levado o país a grandes manifestações. No último sábado, 160 mil pessoas foram às ruas em 20 cidades do país.
Japão deve manter o atual modelo
No Japão, mesmo após o acidente, a energia nuclear continuará sendo a chave da política energética, segundo o premiê Naoto Kan, que, no entanto, admitiu que o governo revisará as normas após o ocorrido em Fukushima, o mais grave desde Chernobyl.
“A comissão de investigação do acidente, que se reunirá em breve, deverá analisar a forma como o Japão administra sua política nuclear”, disse Kan, antes de afirmar que espera “estabelecer as bases para uma profunda reforma”. Quase 30% da energia elétrica produzida no Japão procedem das centrais nucleares.
Fonte: Jornal A Notícia
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