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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Crescimento urbano intensifica temporais em São Paulo, dizem especialistas

Desmatamento de áreas verdes favorece formação de 'ilha de calor'
A expansão da malha urbana em São Paulo e a sobreposição de fenômenos climáticos são os principais motivos por trás da intensificação nos temporais que têm castigado a cidade, segundo especialistas consultados pela BBC Brasil.
No mês de janeiro, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas na cidade somaram 493,7 mm, recorde para o mês desde o início das medições, em 1943. A média histórica de chuvas para janeiro é de 261,3 mm.
Em fevereiro, o índice chegou a 123 mm até a manhã desta segunda-feira (21) – a média para o mês é de 235,4 mm.
Como resultado dos temporais, além das habituais inundações, a cidade têm sofrido com a queda de árvores e panes nos semáforos, fatores que causam problemas no fornecimento de energia elétrica e no trânsito.
Para Augusto José Pereira Filho, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, o alto índice pluviométrico está diretamente relacionado à formação de uma “ilha de calor” na cidade durante o verão e a primavera.
Pereira Filho explica que a mancha urbana na Grande São Paulo continua se expandindo, o que implica o desmatamento de áreas verdes e o consequente aumento da temperatura em dias de grande incidência solar.
Aquecido, o ar em São Paulo sobe, abrindo espaço para a vinda do ar úmido proveniente do litoral, bastante próximo da cidade.
A interação entre o ar relativamente quente e seco da cidade e o ar relativamente úmido e frio do oceano produzem uma condição instável, que gera tempestades violentas, com ventos intensos e grande índice pluviométrico.
“À medida que aumenta o contraste de temperatura (entre o ar do litoral e o da cidade), há tendência de aumento nos temporais, em intensidade e em área atingida”, diz à BBC Brasil o professor.
Ele conta que, entre 1936 e 2007, a temperatura média em São Paulo aumentou 2,1 ºC. Pereira Filho credita a variação principalmente ao crescimento urbano na cidade, já que no mesmo período a temperatura na região tropical do globo subiu apenas 0,5ºC, como resultado do aquecimento global.
O professor explica, no entanto, que há um limite para a elevação da temperatura na cidade: por meio da formação de nuvens, chuvas ou mesmo tempestades, o próprio sistema atmosférico age para baixá-la, restaurando o equilíbrio entre o calor acumulado e o dissipado.
Pereira Filho acredita, aliás, que o aumento da temperatura na cidade está próximo de seu limite.
Sobreposição de fenômenos
Segundo o meteorologista do Inmet Franco Villela, além da “ilha de calor” formada sobre São Paulo nesta época do ano, a sobreposição de outros fenômenos concorre para a intensificação dos temporais.
Entre eles, destacam-se o La Niña, constituído pelo resfriamento anormal das águas no Pacífico na costa do Chile e do Peru, o que altera a distribuição de massas de ar quentes e frias em vários pontos do Brasil;
A elevação da temperatura do Atlântico, que provoca maior evaporação na costa próxima a São Paulo;
E a Zona de Convergência do Atlântico Sul, que provoca o deslocamento de umidade da Amazônia até a região Sudeste.
Da BBC Brasil em São Paulo

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