Medida ajudará a reativar o funcionamento das bombas de água responsáveis pelo resfriamento dos reatores. Avanços são boa notícia diante dos esforços para conter catástrofe nuclear
A tragédia no Japão começou em 11 de março com o mais violento terremoto já registrado no país: 9 graus na escala Richter. A ele, seguiu-se o tsunami que arrasou a costa nordeste do território. Morreram mais de 3 mil pessoas, e há mais de 6 mil desaparecidos. Estradas e ferrovias foram destruídas. Cerca de 1,8 milhão de residências estão sem energia. Confira imagens da tragédia:
O Japão disse à agência nuclear da Organização das Nações Unidas (AIEA) que engenheiros conseguiram colocar um cabo de energia elétrica ligado à rede externa na unidade número 2 da usina nuclear de Fukushima, informou a agência com sede em Viena na quinta-feira. O cabo, de 1.000 metros de extensão, ligará a rede principal de energia elétrica ao reator para tentar reativar o funcionamento das bombas de água responsáveis pelo seu resfriamento. A instalação está sem luz desde o terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão no dia 11 de março.
"Eles planejam religar a energia na unidade 2 assim que o lançamento de água sobre o reator 3 estiver finalizado", disse a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), em um comunicado, com base em informações cedidas pelo governo japonês.
Para tentar conter um desastre nuclear, várias medidas foram usadas para resfriar os reatores. Helicópteros do Exército japonês lançaram jatos de água, principalmente sobre o número 3. Além dos helicópteros, com a ajuda de bombeiros e policiais, funcionários da companhia Tokyo Electric Power Co. (Tepco), que administra o complexo, pretendiam alcançar a piscina com a ajuda de um caminhão-tanque equipado com um canhão d'água. Segundo a televisão pública NHK, isso não foi possível justamente devido ao nível elevado de radiação.
O problema é que as piscinas têm menos água, uma vez que a temperatura começou a subir. Ao invés de registrar cerca de 30 graus Celsius, como de costume, o tanque atingiu os 80 graus Celsius. O risco é de que, aos poucos, com a evaporação da água, as piscinas fiquem vazias, permitindo que as varetas de combustível desprendam dejetos radioativos diretamente na atmosfera.
Gravidade - A situação na usina de Daiichi, em Fukushima, não piorou nas últimas 24 horas, mas continua muito séria. De acordo com Graham Andrew, assessor especial do diretor-geral da AIEA, três dos seis reatores da usina já sofreram danos em seus respectivos núcleos (local onde fica o material radioativo, que pode ser urânio ou plutônio).
Além disso, ele destacou que a situação das piscinas de combustível gasto (aquele que já foi utilizado no reator, perdeu eficiência, mas ainda irradia radioatividade) em quatro reatores preocupa, mesmo depois de elas terem recebido mais água para auxiliar no resfriamento. Segundo ele, a AIEA considera adequadas as medidas de segurança adotadas pelo Japão antes do terremoto e do acidente nuclear em Fukushima.
Pessimismo - O Japão luta para tentar resfriar os reatores, mas o pessimismo sobre a crise nuclear no país é cada vez maior ao redor do mundo - em Tóquio, há relatos de fuga em massa de estrangeiros, já que muitos governos acreditam que uma contaminação ainda mais grave está prestes a ocorrer no território japonês.
Com mais de 5.000 mortes confirmadas e cerca de 500.000 desabrigados, a catástrofe no país se agrava com a perspectiva de um cenário de derretimento do material radioativo dos reatores na usina de Fukushima, palco da mais grave crise nuclear no mundo desde o desastre de Chernobyl, em 1986.
(Com agência Reuters)
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