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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Brasil: Empresas têm dificuldade para encontrar trabalhadores qualificados

A sinfonia de um país funcionando. Quanto mais trabalhadores fazendo o seu barulho, mais o conjunto é afinado. Nos últimos oito anos, o Brasil nunca teve tanta gente no ritmo como agora.
O desemprego está numa baixa histórica e as empresas continuam contratando. Em São Paulo, o Centro de Solidariedade ao Trabalhador tem 18 mil vagas.
“Dezoito mil vagas abertas é um numero bastante significativo comparando com os anos anteriores, nossa media era 10 mil, 12 mil vagas, então tivemos um boom de junho pra cá”, explica a gerente de atendimento ao trabalhador, Izilda Leal Borges.
“Está tendo muita oportunidade de trabalho, tem pessoas que estavam muito tempo parada e conseguiu emprego rápido”, diz a cabeleireira Tatiana Bezerra da Silva.
“O Brasil está vivendo esta situação de pleno emprego pelo fato de estar abrindo muitas oportunidades de trabalho, muitos empregos novos em áreas novas, em regiões novas, atividades novas e estão absorvendo as pessoas que se dispõem a trabalhar”, explica o professor de relações de trabalho da Fea- Usp, José Pastore.
É o atestado de que uma economia vai bem. Mas o pleno emprego também desafia a capacidade do país de produzir mão de obra.
De um lado, as empresas seguem crescendo e abrindo vagas. De outro, uma pequena parcela da população ainda está desempregada e quer trabalhar. Mas a conta não fecha - nem com os jovens que estão chegando. Isso porque nem sempre quem está atrás de uma vaga tem o perfil pra ser contratado. Por exemplo, uma empresa precisa de uma secretária. Aparecem poucas candidatas. Uma não fez o curso, a outra não fala inglês, a terceira não tem experiência. Falta quantidade e qualidade no mercado de trabalho.
“Tem gente que não está conseguindo emprego mesmo com tanta oferta. Quem não consegue emprego é porque não tem qualificação”, explica Izilda.
“Mesmo numa situação de pleno emprego, há muitos casos em que as empresas não conseguem contratar o profissional adequado para a atividade a ser desempenhada. O Brasil está neste caso em vários setores e várias profissões”, avisa José Pastore.
Uma área comercial de São Paulo resume o que acontece hoje no mercado de trabalho brasileiro. Tem muita empresa precisando de funcionário. Agora, pra encontrar a pessoa certa...
“Eu precisava de pessoas com experiência, só que eu não encontro ninguém, então agora o meu objetivo é qualquer pessoa que queira trabalhar não importa que tenha experiência”, afirma a dona de padaria Dina Matias.
Três meses procurando um manobrista e um projetista de cozinhas e nada. “A impressão que nós temos é que a maioria deles estão empregados, estão trabalhando e só há mobilidade quando um deles sai de uma empresa e quer mudar ou quer ir pra outro lugar”, conta o gerente de loja Ricardo Montanha.
Mas isso, pra economia do país, é uma conta de soma zero. Resolve o problema de uma empresa, mas cria um problema pra outra.
“Nosso encarregado de obras foi capturado por outra construtora e isso acontece não só com encarregado, está acontecendo com várias outras funções dentro da empresa e isso está dando um problema muito sério na produtividade das obras em geral”, justifica o diretor técnico da construtora Milton Bigucci Junior.
Quando visitamos a obra de um prédio residencial, o azulejo já devia ter sido colocado até o 15º andar - o último. Estava no 6º. O gesso era pra estar pronto até o 8º andar. Não tinha passado do 3º.
Como não consegue segurar todos os funcionários, a construtora reformou o cronograma.
Pra evitar atrasos, as novas obras vão começar seis meses antes do habitual.
“Nós iniciamos a obra antes tendo a certeza que nós vamos perder alguém no caminho, não é uma previsão, é uma certeza, porque essa demanda está muito alta e tende a aumentar na nossa opinião”, fala Milton.
Encontramos empresas que foram vencidas pelo cansaço. Uma delas, no interior de São Paulo, precisa de um operador de máquinas. Procurou por seis meses. Desistiu. O trabalho é operar uma beneficiadora - que separa o milho das impurezas.
“Nós testamos algumas pessoas, mas eles se encaixam como auxiliar de serviços gerais, mas como operador mesmo, que possa assumir as responsabilidades que esses equipamentos exigem e o grau de risco também nós infelizmente não conseguimos”, diz o gerente comercial da Agrosema, João Luis de Sousa.
Agora, com o início da safra e muito milho pra estocar, sobrou para os outros funcionários.
“Nós trabalhamos oito horas por dia, agora sem o operador a gente vai ter que trabalhar 12 por 12, eu trabalho 12 horas e o outro encarregado trabalha 12 horas”, diz o operador de máquina Carmo Macedo Júnior.
“A empresa está visando um crescimento de 30% esse ano, pra crescer, nós temos também que ter profissional qualificado”, afirma João Luis.
Fonte: G1

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