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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Haiti – 9 meses depois - Escombros ainda dominam o Haiti

Terremoto ainda é uma marca viva no dia a dia da população do país.
A terra não treme, mas é como se as ondas de choque ainda se fizessem sentir.
Cerca de um milhão de desabrigados se amontoam em barracas. Pelas ruas da capital do Haiti, Porto Príncipe, multidões caminham de um lado para outro. Passados nove meses do terremoto de 12 de janeiro, os escombros ainda são tantos que ofuscam o esforço da reconstrução. Ele existe. Só que recompor o cenário anterior à catástrofe equivale a sair do negativo para o zero.
Cité Soleil, junto a Porto Príncipe, é uma das maiores favelas das Américas.
São 300 mil pessoas sobrevivendo entre a lama, os mosquitos, os porcos e os rios de lixo. Já era assim antes do terremoto. As crianças correm, sorriem e pedem dinheiro. As mulheres vendem verduras murchas, e os homens, acocorados ou encostados nas paredes, refletem uma espécie de desânimo endêmico.
Há os tabuleiros com biscoitos de barro. Eles são amplamente consumidos. Não para construir casas, mas para matar a fome. Em 2008, um furacão. Em janeiro deste ano, cerca de 250 mil mortos no dia em que o país terminou de desmoronar. Recomeçar é um verbo tantas vezes conjugado que perdeu seu resto de força.
Porto Príncipe se converteu no paraíso planetário do terceiro setor. Aqui atuam ONGs que ensinam a pescar e outras que entregam o peixe. Há ONGs cuidando de crianças, de cães, de árvores e de plantas. Inclusive, há ONGs que cuidam das ONGs.
De janeiro até agora, dezenas de novas casas foram inauguradas na cidade. Nelas, não moram pessoas comuns. Na esteira da tragédia, a fé encontrou seu caminho. Os templos evangélicos salpicam a paisagem da capital. Perdem em número para as barracas dos desabrigados.
Cálculos internacionais indicam que menos de 10% do dinheiro prometido por governos e celebridades de Hollywood chegou. E o que chegou virou, em parte, alimento da corrupção. A outra fatia é imobilizada pelo colapso institucional. Em muitos casos, não há caminhos seguros para levar os dólares da fonte até a concretização dos projetos.

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